Dia 28 de outubro aconteceu o pleito eleitoral moçambicano. Como aqui o sistema eleitoral usa a tecnologia da esferográfica, os votos ainda estão sendo contados até os dias de hoje. E a previsão é de que a contagem só termine na próxima semana.
Acontece que, como os resultados preliminares apontam a evidente vitória da Frelimo, vencendo por uma margem de 75% dos votos já contados, a Renamo e seu candidato Afonso Dhlakama manifestaram essa semana que não reconhecem os resultados das eleições e acusaram o partido Frelimo, no poder, de promover irregularidades e fraudar as eleições.
Essa declaração desencadeou uma onda de conflitos em várias regiões do país. Muita agitação, ameaças de tomada de poder e brigas entre partidários dão o tom da insatisfação da Renamo. Acusam a STAE, orgão da administração eleitoral de Moçambique, de ser uma “célula do partido Frelimo”.
Os numeros da contagem preliminar mostram um declínio de mais da metade dos votos da Renamo em relação ao ano de 2004. Segundo esse partido, a sabotagem iniciou-se já no recenseamento eleitoral, quando cerca de 60% dos eleitores ficaram de fora dos cadernos eleitorais, principalmente nas regiões onde a Renamo goza de maior apoio. “Mais de cinco milhões de eleitores não votaram, o que é uma violação grosseira à Constituição da República. Estamos perante um crime eleitoral”, disse Ivone Soares, porta-voz da Renamo.
No sábado, o delegado provincial da Renamo em Sofala, Fernando Mbararano, ameaçou dividir o país a partir de Sofala. Será a República de Sofala, com capital na Beira e governada pelo líder da Renamo e atual candidato a presidência, Afonso Dhlakama. Na província de Nampula, a líder da Renamo ameaçou incendiar orgãos públicos e a sede da STAE. Tudo sob os auspícios da afirmação de Dhlakama de que o país iria arder caso Guebuza não renuncie.
E toda a situação ficou mais grave na segunda-feira, quando um grupo de antigos guerrilheiros ameaçou iniciar uma rebelião armada caso as eleições não fossem anuladas. Com cerca de 300 homens, o grupo deu 72 horas para os órgãos eleitorais anularem os resultados das eleições.
Um amigo que é missionário em Maputo me informa que aquela região também está em polvorosa, principalmente em Machava e Matola.
Aqui em Chimoio, felizmente, a situação está tranquila, porque a grande maioria apoia a Frelimo e contam com essa vitória. Como Chimoio foi fortemente afetada pela guerra civil e sofreu as dores das torturas e assassinatos promovidos pela Renamo naquela época, o apoio à Frelimo é uma decorrência quase que natural. Alia-se a isso o fato de que Chimoio é capital de uma província mais – digamos – rural e, por isso, o debate político não é tão intenso quanto nas capitais maiores como Maputo, Beira e Nampula.
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