“Muçulmanos britânicos relatam crescente aumento em islamofobia”, informa a chamada de um artigo no The Guardian no dia 12 de novembro. Pela chamada, eu achei que fosse ler sobre um aumento no número de perversos ataques contra muçulmanos motivados pelo fato de serem muçulmanos, ou pelo menos atos de profanação.
Mas não. O que eu li foram coisas como as seguintes, tiradas de uma pesquisa baseada na opinião de muçulmanos:
Mais de dois terços dos muçulmanos disseram à pesquisa que eles já ouviram comentários anti-islâmicos por parte dos políticos e metade acredita que os políticos apoiam atos islamofóbicos.
Ou:
Os efeitos sutis da discriminação também são crescentes, sugere o estudo, com 63% dos entrevistados relatando que já foram “humilhados ou tratados como se fossem estúpidos, ou tendo a sua opinião rebaixada ou desvalorizada”, um número que era de 38% em 2010.
Estes números têm pouco significado por si mesmos. Eles poderiam estar tanto inferindo que existem de fato mais declarações anti-islâmicas ou que os muçulmanos estão cada vez mais sensíveis a “insultos” percebidos de forma equivocada; ou mesmo ambos os casos podem ser verdadeiros. Afinal de contas, nós de fato vivemos em uma sociedade na qual reclamações do tipo “a minha opinião foi desrespeitada” são tratadas como justificáveis pelo simples fato de terem sido feitas. A definição de bullying no hospital em que eu trabalhava era a de que alguém se sentiu vítima de bullying, sem a necessidade de um correlativo objetivo ao sentimento. Desnecessário dizer que as reclamações de bullying aumentaram, pois eram auto-justificáveis.
O sentimento de ter sido humilhado pode tanto estar nos ouvidos do ouvinte como nos lábios do falante, mas, de qualquer modo, dificilmente pode ser considerado como evidência de ódio irracional ou medo do Islam. Eu ouso dizer que, se buscar na minha própria memória, encontrarei situações em que fui humilhado verbalmente no último ano. Mesmo que existam instâncias em que muçulmanos foram humilhados pelo fato de serem muçulmanos, isto não é necessariamente explicado pelo ódio ou medo do Islam: condescendência é normalmente a manifestação de uma tentativa desastrada de ser gentil ou compreensivo.
Um homem descrito como um professor de Estudos Raciais - e que portanto possui um interesse na manutenção do racismo - supostamente disse que “existe uma crescente hostilidade nas ruas em termos de ataques físicos e abusos”, e eu até estou inclinado a aceitar que isto seja verdade; em vista das ações de alguns dos seguidores de Maomé e da truculência de tantos dos nossos concidadãos, seria surpreendente se isso não fosse verdade. Mas o curioso é que o artigo não oferece os números de nenhum ataque físico real. E eu me pergunto: “por quê não?”.
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