CLAIRE
BERLINSKI
Tradução: Rodrigo Morais
Original: http://www.city-journal.org/2010/20_2_soviet-archives.html
No imaginário coletivo do mundo, a palavra “nazista” é um sinônimo do mal. Existe
uma compreensão já difundida de que a ideologia nazista – nacionalismo,
anti-semitismo, o estado étnico-autárquico, a idéia de um líder supremo –
foi causa direta dos fornos de Auschwitz. No entanto, não existe o mesmo entendimento
de que o comunismo, com a mesma inevitabilidade, foi a causa de fome, torturas e
campos de trabalhos forçados em todos os lugares em que foi implantado no
mundo. Assim como pouco se reconhece que o comunismo foi responsável
por quase 150 milhões de mortes durante o séc. XX. O mundo continua
inexplicavelmente indiferente e ignorante acerca da ideologia mais funesta da
história.
Como
evidência desta indiferença, considere que os arquivos soviéticos continuam sem
ser estudados. Pavel Stroilov, um exilado russo em Londres, tem em seu
computador 50.000 documentos altamente secretos do Kremlin, ainda não
publicados e não traduzidos, a maioria referente ao período do
fim da Guerra Fria. Ele os roubou em 2003, quando fugiu da Russia. Como memória
viva, eles valeriam milhões para a CIA; com certeza contam uma história do
comunismo e do seu colapso que o mundo precisa saber. Ainda assim, ninguém ainda
se interessou em guardá-los numa biblioteca respeitável, ou em publicá-los, ou
em patrocinar a sua tradução. Na verdade, Stroilov não tem conseguido nenhuma
atenção a estes documentos.
Existe
ainda o caso do dissidente soviético Vladimir Bukovsky, que passou 12 anos em prisões,
campos de trabalho forçado e psikhushkas (hospitais psiquiátricos para presos
políticos) soviéticos, após ser condenado por copiar literatura anti-soviética.
Ele também possui uma enorme coleção de documentos roubados e contrabandeados
dos artigos do Comitê Central do Partido Comunista, os quais “contêm as origens
e os términos de todas as tragédias deste século sangrento”, escreve. Estes
documentos estão disponíveis online no site bukovsky-archives.net, mas a
maioria ainda não está traduzida. Estão desorganizados, sem sumário e sem
opção de busca ou indexação. “Eu os ofereci gratuitamente para todos os maiores
jornais e periódicos do mundo, mas ninguém se interessou em publicá-los”,
escreve Bukovsky. “Os editores sempre reagem com indiferença: E daí? Quem se
importa?”.
Os
originais da maioria dos documentos de Stroilov continuam nos arquivos do
Kremlin e, como grande parte dos documentos secretos da União Soviética da era
pós-Stalin, continuam secretos. Eles incluem, segundo Stroilov, transcrições de
praticamente todas as conversas entre Gorbachev e líderes estrangeiros – centenas
de documentos com um registro quase completo das questões diplomáticas daquela
era, indisponível em qualquer outro lugar do mundo. Existem anotações do
Politburo feitas por Georgy Shakhnazarov, um assessor de Gorbachev e pelo
membro do Politburo, Vadim Medvedev. Há também o diário de Anatoly Chernyaev, o
principal assessor de Gorbachev e vice-diretor do Comintern, datadas de 1972 até
o colapso do regime. Existem relatórios escritos desde 1960 por Vadim Zagladin,
que foi vice-diretor do Departamento Internacional do Comitê Central até 1987,
quando se tornou assessor de Gorbachev, até 1991. Zagladin foi emissário e
espião, responsável pela coleta de informações, a disseminação de desinformações
e pela expansão da influência soviética.
Quando
Gorbachev e a sua equipe foram depostos, eles levaram consigo cópias
não-autorizadas destes documentos. Os documentos foram escaneados e guardados
nos arquivos da Fundação Gorbachev, um dos primeiros think tanks independentes
da Rússia, onde um pequeno grupo de pesquisadores autorizados tiveram um acesso
limitado a eles. Então, em 1999, a fundação abriu uma pequena parte do arquivo a
pesquisadores independentes, inclusive Stroilov. As partes essenciais desta compilação
continuaram restritas; documentos só puderam ser copiados com a autorização por
escrito do autor e Gorbachev se recusava a autorizar tais cópias. Mas havia uma
falha no sistema de segurança da fundação, me explicou Stroilov. Depois de uma
falha no sistema dos computadores – o que era comum – ele conseguiu ver a senha
que o administrador digitou na rede da fundação. Com esta senha, vagarosa e
secretamente, Stroilov copiou o arquivo e o enviou para servidores seguros ao
redor do mundo.
Quando eu
soube pela primeira vez dos documentos de Stroilov, acreditei que fossem
falsos. Mas em 2006, após uma análise feita em cooperação com alguns
proeminentes dissidentes soviéticos e espiões da Guerra Fria, juízes britânicos
concluíram que eram autênticos e o pedido de asilo de Stroilov foi concedido. A
própria Fundação Gorbachev, posteriormente, reconheceu a autenticidade dos mesmos.
A história
de Bukovsky é semelhante. Em 1992, o governo do presidente Boris Yeltsin o
convidou para testemunhar na Corte Constitucional da Rússia, em um caso sobre a
constitucionalidade do Partido Comunista. O Arquivo Estatal Russo permitiu que
Bukovsky tivesse acesso aos documentos, para preparar o seu depoimento. Usando um
scanner manual, ele copiou milhares de documentos e os enviou para o Ocidente.
O governo
russo não pôde processar Stroilov e Bukovsky por crimes contra os direitos
autorais, uma vez que o material foi criado pelo Partido Comunista e pela União
Soviética, entidades que não mais existem. No entanto, se tivesse ficado na
Rússia, Stroilov acredita que teria sido condenado por divulgação de segredo de
estado ou traição. O historiador militar Igor Sutyagin está atualmente cumprindo
15 anos em um campo de trabalho forçado pelo crime de ter coletado recortes de
jornais e outros materiais e os enviado para uma empresa de consultoria
britânica. O perigo que Stroilov e Bukovski enfrentou foi grave e real, e ambos
acreditaram que o mundo prestaria atenção no material pelo qual eles correram
tanto risco.
Stroilov
alega que os seus arquivos “conta uma história completamente nova sobre o fim
da Guerra Fria. A versão ‘comumente aceita’ da história daquele período
consiste quase que totalmente de mitos. Estes documentos podem destruir
estes mitos”. Seria verdade? Não sei dizer. Eu não leio russo. Dos documentos de Stroilov, eu só li alguns, que
foram traduzidos para o inglês. Certamente que estes documentos não podem ser
aceitos, pura e simplesmente, afinal foram escritos por comunistas. Mas a mera
possibilidade de que Stroilov esteja correto deveria suscitar a curiosidade de
todos.
Por
exemplo, os documentos mostram um Gorbachev menos virtuoso do que a forma como
ele é geralmente visto. Em um documento, ele graceja com o Politburo sobre a
derrubada do Korean Airlines 007, em 1983 – um crime que foi não apenas
monstruoso, mas que quase levou o mundo a um Armagedon nuclear. Este trecho de uma
reunião do Politburo, de 4 de outubro de 1989, é igualmente perturbador:
- Lukyanov informa que o número real de mortos
na Praça Tiananmen foi de 3.000 pessoas.
Gorbachev: Precisamos ser realistas. Eles (o
governo chinês), assim como nós, precisam se defender. Três mil... E daí?
Uma
transcrição de uma conversa de Gorbachev com Hans-Jochen Vogel, o líder do
Partido Social Democrata da Alemanha Ocidental, mostra o presidente russo
defendendo o massacre soviético aos manifestantes pacíficos em Tbilisi, em 9 de
abril de 1989.
Os
documentos de Stroilov também contêm transcrições de conversas de Gorbachev com
líderes do Oriente Médio. Eles mostram uma conexão interessante entre as
políticas soviéticas e as políticas internacionais da Rússia contemporânea. A
seguir, um fragmento de uma conversa entre o presidente sírio Hafez al-Assad,
em 28 de abril de 1990:
H. ASSAD: Para
pressionar Israel, Bagdá precisaria se aproximar de Damasco, porque o Iraque
não tem fronteira com Israel...
M. S.
GORBACHEV: Eu também acho…
H. ASSAD: A
abordagem de Israel é diferente, porque a própria religião Judaica afirma: a
terra de Israel vai do Nilo ao Eufrates e a sua posse é uma predestinação
divina.
M. S.
GORBACHEV: Mas isso é racismo, combinado com messianismo!
H. ASSAD:
Esta é a mais perigosa forma de racismo.
É evidente
que estas questões são relevantes para a nossa compreensão das políticas russas
contemporâneas, numa região com tamanha importância estratégica.
Existem
ainda outras situações envolvendo os documentos de Stroilov e Bukovsky que
mostram que a questão não está encerrada. Eles sugerem, por exemplo, uma
proximidade suspeita da URSS com os arquitetos do projeto de integração européia,
bem como com muitos dos mais antigos líderes da União Européia. Isto levanta um
questionamento importante sobre a natureza da Europa contemporânea – questões que
precisam ser respondidas quando os americanos consideram a Europa como um
modelo de políticas sociais, ou quando buscam cooperação diplomática da Europa
em importantes questões de segurança nacional.
De acordo
com Zagladin, por exemplo, Kenneth Coates, membro britânico do Parlamento
Europeu de 1989 a 1998, se aproximou dele em 9 de janeiro de 1990, para
discutir as possibilidades de uma fusão gradual do Parlamento Europeu e do
Soviete Supremo. Coates, disse Zagladin, explicou que “a criação de uma
infraestrutura de cooperação entre os dois parlamentos ajudaria... a isolar os
direitistas do Parlamento Europeu (e na Europa), aqueles que estão interessados
no colapso da URSS”. Coates foi presidente do Subcomitê dos Direitos Humanos do
Parlamento Europeu, de 1992 a 1994. Como foi possível que a pessoa responsável por
promover as políticas de direitos humanos na Europa fosse um homem que, aparentemente,
pretendia “isolar” os opositores da URSS e expandir a influência soviética na
Europa?
Ou
considere um relatório sobre Francisco Fernández Ordóñez, que liderou a
integração da Espanha na comunidade européia, como ministro de relações
exteriores. Em 3 de março de 1989, de acordo com estes documentos, ele explicou
a Gorbachev que “o sucesso da perestroika tem um único significado, que é o
sucesso da revolução socialista nas condições contemporâneas. E isto é
exatamente o que os reacionários não aceitam”. Dezoito meses depois, Ordóñez
disse a Gorbachev: “Eu sinto nojo intelectual quando leio, por exemplo, trechos
dos documentos do G7 onde os problemas da democracia, da liberdade da pessoa
humana e da ideologia da economia de mercado são colocados no mesmo nível. Como
socialista, eu rejeito tal equação”. Talvez o mais chocante nesta questão foi o
relatado pela mídia do Leste Europeu, de que os documentos de Stroilov sugerem
que François Mitterrand planejou com Gorbachev para que a Alemanha fosse unificada como
um ente neutro e socialista numa aliança franco-soviética.
Os
registros de Zagladin também informam que o ex-líder do Labour Party britânico,
Neil Kinnock, se encontrou com Gorbachev – sem a necessária autorização do
parlamento, uma vez que Kinnock era líder da oposição – por meio de um emissário
secreto, para discutir a possibilidade da suspensão do programa inglês de
mísseis nucleares, o chamado Trident. Um trecho da transcrição do encontro
entre Gorbachev e o emissário, Stuart Holland, é o que segue:
“Na opinião
de Holland, a União Soviética deveria estar muito interessada na liquidação do
programa Trident porque, entre outras coisas, o Ocidente – ou seja, os Estados
Unidos, a Grã-Bretanha e a França – teria uma séria vantagem sobre a União
Soviética após a assinatura do Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START
I). Esta vantagem precisava ser eliminada... Do mesmo modo, Holland afirmou que,
por razões óbvias, nós podemos pensar seriamente na consecução desta idéia
apenas se o Labour assumir o poder. Ele disse que Thatcher... nunca concordaria
com qualquer redução de armamento nuclear”.
Kinnock era
vice-presidente da Comissão Européia de 1999 a 2004, e a sua esposa, Glenys, é
a atual ministra britânica na Europa. Gerard Batten, um membro do UKIP,
percebeu a seriedade do episódio. “Se a informação dada sobre Gorbachev é verdadeira,
isto significa que o Lorde Kinnock se aproximou de um dos inimigos da
Inglaterra a fim de conseguir uma autorização para uma política de defesa do
seu partido e, caso fosse eleito, para a política de defesa de todo o país”,
disse Batten ao Parlamento Europeu, em 2009. “Se este relatório é verdadeiro,
então o Lord Kinnock é culpado de traição”.
Da mesma
forma, a Baronesa Catherine Ashton, que agora é ministra do exterior da União
Européia, era tesoureira da Campanha pelo Desarmamento Nuclear da Inglaterra,
de 1980 a 1982. Os documentos oferecem evidências de que esta organização recebeu
“receita não identificada” da União Soviética nos anos 1980. Os documentos de
Stroilov sugerem que o governo do atual comissário espanhol para assuntos
econômicos e monetários, Joaquín Almunia, apoiou com entusiasmo o projeto
soviético de unificar a Alemanha e a Europa em um “lar comum europeu”
socialista e se opôs enfaticamente a independência dos estados bálticos
e da Ucrânia.
Talvez alguém
não se incomode com o fato de que atuais políticos europeus proeminentes defendiam
estas idéias. Mas por que não? Seria inadmissível que pessoas com ligações com
um partido nazista – ou com a Ku Klux Klan ou o regime do apartheid sul-africano
– ocupassem posições de destaque na Europa hoje. As regras são diferentes, no
entanto, para comunistas. “Nós temos um partido socialista – não eleito –
governando a Europa hoje”, diz Stroilov. “Aposto que a KGB ficaria surpresa!”.
E o que diz
Zagladin sobre as suas relações com o nosso atual vice-presidente, em 1979?
“Extraoficialmente,
o senador Biden e o senador Lugar disseram que, no final das contas, não
estavam preocupados em resolver os problemas deste ou daquele cidadão, apenas
para mostrar ao público americano que eles se preocupavam com os ‘direitos humanos’...
Em outras palavras, eles admitiram que o que estava acontecendo era uma espécie
de espetáculo para o público, que eles não se preocupavam com o destino dos chamados
dissidentes”.
Notadamente,
o mundo demonstrou pouco interesse pelos arquivos soviéticos. Este parágrafo
sobre Biden é um bom exemplo. Stroilov e Bukovsky escreveram um artigo para a
revista online FrontPage, em 10 de outubro de 2008, que foi ignorado. Os
americanos consideraram o artigo tão irrelevante que nem os oponentes políticos
de Biden o tentaram usar como arma política. Imagine como deve ser, tendo
passado os melhores anos da sua vida num hospital psiquiátrico soviético, saber
que Joe Biden é agora o vice-presidente dos Estados Unidos e que ninguém se
importa.
O livro de
Bukovsky sobre estes documentos foi publicado em francês, russo e em algumas
outras línguas eslávicas, mas ainda não foi publicado em inglês. A editora Random
House comprou os direitos e, segundo Bukovsky, tentou obriga-lo “a reescrevê-lo
sob uma perspectiva política de esquerda”. Bukovsky respondeu que “devido a
certas peculiaridades da minha biografia, sou alérgico a censura política”. O
contrato foi cancelado, o livro nunca foi publicado em inglês e nenhuma outra
editora demonstrou interesse no mesmo. Ninguém também quis publicar o panfleto
EUSSR, escrito por Stroilov e Bukovsky, sobre as origens soviéticas da
integração européia. Em 2004, uma pequena editora britânica imprimiu uma versão
abreviada do panfleto, mas que também foi ignorado.
Stroilov
possui uma enorme lista de reclamações sobre jornalistas que inicialmente
demonstraram interesse nos documentos para, em seguida, dizerem que o editor
afirmou que a história é insignificante. Antes da visita de Gorbachev a
Alemanha para a celebração do vigésimo aniversário da queda do Muro de Berlim, Stroilov
ofereceu os documentos a imprensa alemã. Ninguém quis. Na França, as notícias
sobre os documentos mostrando os planos de Mitterand e Gorbachev para
transformar a Alemanha num estado socialista causou alguns murmúrios de
curiosidade, nada mais. A enorme coleção de documentos de Bukovsky sobre o
financiamento soviético ao terrorismo, palestino ou não, continua não publicado.
Stroilov
conta que ele e Bukovsky conversaram com Jonathan Brent, da Yale University
Press, líder de um projeto de publicação da história da Guerra Fria. Ele afirma
que Brent ficou inicialmente entusiasmado com a ideia e o pediu para escrever
um livro, baseado nos documentos, sobre a primeira Guerra do Golfo. Stroilov
escreveu e enviou os primeiros seis capítulos e nunca recebeu uma resposta de
Brent, mesmo o tendo enviado vários e-mails. “Ainda não descobri qual parte do
livro o assustou mais”, disse Stroilov.
Eu mesma
enviei um email para Brent e não recebi resposta. Isso não significa muito, já
que as pessoas estão sempre muito ocupadas. Eu estou pouco preocupada em
imaginar tentativas complexas de esconder a verdade. Stroilov vê nestes eventos
um “tipo de tabu, um entendimento comum do establishment de que é melhor
não cutucar a onça com vara curta, não jogar pedras em casas de vidro, não
falar sobre o esqueleto no armário”. Eu suspeito que seja algo ainda mais sério:
ninguém se importa.
“Eu sei que
chegará um tempo”, diz Stroilov, “em que o mundo olhará para estes documentos
com atenção. Não escaparemos disso. Não podemos avançar enquanto não encararmos
a verdade sobre o que aconteceu no século XX. Mesmo agora, não importa o quanto
tentemos ignorar, estas questões estão voltando, de tempos em tempos”.
É verdade
que estas questões retornam repetidamente, mas poucos se lembram de que elas já
foram feitas anteriormente e menos ainda lembram as inconvenientes respostas.
Ninguém fala muito sobre as vítimas do comunismo, ninguém erige memoriais para
lembrar as pessoas assassinadas pelo estado soviético. (Alexander Yakovlev, no
seu livro amplamente ignorado, Um Século de Violência na Russia Soviética, o
arquiteto da perestroika afirma que estes números estão entre 30 a 35 milhões
de pessoas.)
De fato,
muitas pessoas ainda subscrevem os pontos principais da ideologia comunista. Políticos,
acadêmicos, estudantes ou mesmo o taxista que seja um ocasional autodidata
ainda se opõem a propriedade privada. Muitos permanecem enfeitiçados pelos
modelos de planejamento econômico centralizado. Stalin, segundo as pesquisas, é
uma das mais populares figuras históricas da Rússia. Em Istambul, onde vivo,
não é pequeno o número de pessoas que se definem como comunistas; e tenho
encontrado este tipo de pessoas em todos os lugares do mundo, de Seattle a
Calcutá.
Nós
insistimos, com razão, na total extinção do nazismo. Nós, com toda a razão, repudiamos
todos aqueles que tentam reviver a ideologia nazista. Mas o mundo exibe uma
perigosa dificuldade em reconhecer a história monstruosa do comunismo. Estes
documentos devem ser traduzidos. Eles precisam ser colocados em uma biblioteca
de boa reputação, ser catalogados de forma correta e estudados com cautela por
acadêmicos. Acima de tudo, eles precisam ser disponibilizados e conhecidos pelo
público que parece ter se esquecido do que a União Soviética representou. Se
eles contêm aquilo que diz Stroilov e Bukovsky – e todas as evidencias sugerem
que seja verdade – esta é uma obrigação de qualquer pessoa que dá alguma
importância a história, política internacional e as marcas de milhões de
mortos.
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