"Viver, simplesmente viver, meu cão faz isso muito bem".
Alberto da Cunha Melo

Friday, December 26, 2008

Ao mestre Bonhoeffer

O Cristianismo é um verdadeiro paraiso de grandes mentes e grandes mestres. Para mim, o maior deles no seculo XX foi Dietrich Bonhoeffer. O homem que ensinou com a propria vida o sentido de "conceito e vivencia", que se doou inteiramente por aquilo em que acreditava. E que nos deixou um legado em obras realmente magnificas e apaixonantes.

Vivemos realmente numa era sem grandes herois. Os idolos que inspiram a nossa geracao sao tao vazios quanto essa geracao. Sao a melhor expressao daquilo que poderiamos chamar de "idolos de barro". E estao por toda parte, no ultimo Big Brother, nas revistas de modas e tendencias, no novo album musical que depois de amanha virara "classico". Nao produzem nada que realmente transforme vidas, que de um sentido duradouro a existencia de todos os seus admiradores.

Bem, dira alguem, isso sempre existiu. Sempre houveram os demagogos, os sofistas, aqueles que encantam a massa com truques baratos e cosmeticos. Sim, direi eu. Mas parece-me que a nossa epoca tem um diferencial. A nossa epoca coroou este homem mediocre. No nosso seculo isso se tornou regra, modelo de perfeicao, centralidade. Na nossa era, os anoes nao mais se reconhecem como anoes e decidem se sobem ou nao nas costas dos gigantes. Agora, os anoes derrubam os gigantes e os obrigam a andar na mesma estatura de nanismo.


A cultura kitsch
definitivamente tomou todo o espaco da grande cultura. Alias, usar a expressao "grande cultura" hoje em dia é um verdadeiro pecado. Pecado mortal. Uma expressao que, alias, deve-se ser evitada nas proximidades daqueles que deveriam ser os primeiros a defende-la (como a classe dos intelectuais e dos academicos). Falar sobre alta cultura, homem superior e coisas do genero causa verdadeiro alvoroco. E voce pode receber alcunhas novas, dessas que nunca pensou que seria chamado, como fascista, extremista, anti-socialista (e, nao apenas para completar a musica do Raulzito, "eu admito, voce ta na pista"). De qualquer forma, todas estas alcunhas tem todos e nenhum sentido. Sao, elas tambem, cosmeticos para evitar uma verdadeira reflexao sobre o tema.

Nao significa que nao temos, realmente, herois em quem possamos nos espelhar. O que ocorre é que a cultura inferior, de massa, sufoca a apresentacao destes herois. Somos apresentados, diariamente, a todos estes substitutos entorpecentes do show business, da ultima moda, que nunca sacia aquela fome interior, profunda, que, no final das contas, da-se por ignorada.

Mas, conforme me ensinou Joseph Campbell, heroi
é aquele que deu a propria vida por algo maior que ele mesmo. Para mim, estas pessoas chegaram a um nivel de realizacao existencial pela qual vale a pena almejar. Aquela inquietacao da existencia, as perguntas por sentido e a propria preocupacao advinda da ressonancia do interior do nosso ser que nos faca realmente sentir o enlevo de estarmos vivos encontram no exemplo destes homens a certeza de que nao tracamos o caminho sozinhos; os herois de todos os tempos enfrentaram os mesmos riscos antes de nos. No fim do labirinto, quando pensavamos que estariamos sozinhos, estariamos na companhia do mundo todo. Temos apenas que seguir a trilha do heroi.

Por estes herois
é que tenho buscado. E entao eles me convidam para andar pelas mesmas veredas. Sao pessoas como Jesus, Socrates, Pitagoras, Bonhoeffer e Schweitzer, por exemplo, que realmente fazem a minha cabeca, que me inspiram. Sao os meus herois.

Na proxima postagem vou transcrever um dos trechos mais magnificos do mestre Bonhoeffer. Aguardem uns 30 segundos.


ps: Nao
se enganem pensando que ja aderi, com 4 dias de antecedencia da vigencia, ao Acordo Ortografico da Lingua Portuguesa. Eh que ainda nao aprendi a operar esse teclado norte-americano sem tils e cedilhas.

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