"Viver, simplesmente viver, meu cão faz isso muito bem".
Alberto da Cunha Melo

Friday, November 16, 2012

Males do Sindicalismo




Uma das maiores e mais antigas empresas de panificação americana, Hostess Brands Inc, fabricante dos populares pães Twinkies e Wonder Bread, anunciou esta semana que esta prestes a declarar falência devido a um enorme prejuízo causado por uma greve de seus funcionários que dura desde o dia 9, diz a agência de noticias Reuters.
A decisão de entrar em greve foi dada pela Bakery, Confectionery, Tobacco Workers and Grain Millers International Union, o sindicato que representa um terço dos 18,5 mil empregados. O motivo alegado é a diminuição do salario a que foram submetidos os funcionários, em razão de uma queda nos lucros da empresa. A greve já havia causado o fechamento de 3 das padarias do grupo, custando 627 empregos e agravando a situação econômica da empresa. Agora, apesar de nota da empresa alertando da iminência de falência, a liderança sindical queda irredutível.
Não que faltem exemplos no noticiário cotidiano, mas quero aproveitar a oportunidade para escrever alguma coisa sobre o sindicalismo e o dito direito de greve, temas que são normalmente considerados, de forma apriorística, como benefícios de valor inquestionável, adquiridos pela brava luta dos defensores dos trabalhadores para protege-los contra os opressores capitalistas.
Claro que existem diferentes acepções para o termo sindicalismo, como, por exemplo, a noção de Sorel, para quem esta é uma tática revolucionaria para a implantação do socialismo, usando como método a acao violenta com o objetivo de desestabilizar o sistema capitalista. Outra concepção é a própria ideia de um sistema econômico sindicalista, ou seja, diferente do socialismo ou do capitalismo, seria um sistema em que os empregados – e não o estado, como pregam os marxistas – tenham a propriedade dos meios de produção e/ou das instalações produtivas. Ambos significados são estranhos e, atualmente, não são levadas a serio por serem consideradas ideologias muito confusas.
Mesmo assim, os sindicatos são uma forte entidade no atual modelo econômico intervencionista e os seus esforços em conquistar mais e mais supostos benefícios aos trabalhadores são parte das razoes da dificuldade de se empreender em países como o Brasil e os Estados Unidos.
Desnecessário contar aqui as ligações corruptas entre os sindicatos americanos com a mafia, por exemplo, ou a instrumentalização dos sindicatos brasileiros pelo PT e PCdoB para os fins de perpetuação no poder destes partidos e implantação de um projeto de poder.  
Mas vale, para os fins de entender o “estado da questão” sindical, resumirmos a historia do sindicalismo contada por Ludwig von Mises em A Ação Humana, principalmente no tocante as suas raízes socialistas. Nos anos que precederam a Primeira Guerra Mundial, Itália e Inglaterra tentavam dar uma nova roupagem as ideias do socialismo fabiano existente na então inimiga Alemanha. Então, aquelas duas nações criaram as ideias do stato corporativo e do socialismo de guildas, respectivamente, segundo os quais cada setor da economia constituía numa unidade monopolística que gozava de autonomia e capacidade de intervenção apenas dos seus membros. Era, portanto, “o direito de autodeterminação de cada profissão”, nas palavras de Webbs.
Estas ideias corporativas nasceram porque, apesar do desejo dos intelectuais italianos e ingleses de construírem uma filosofia social, não fazia sentido adotarem as mesmas ideias socialistas alemãs que tanto criticavam. Com o tempo, no entanto, o corporativismo italiano, uma vez sujeito ao regime politico fascista, se tornou um mero intervencionismo totalitário, já que aquele governo não apreciava a descentralização proporcionada pela corporazione.
A experiência frustou este sistema, uma vez que, por razoes obvias, a decisão de uma guilda afetava não apenas aquela categoria, mas toda a economia do pais. Uma guilda autônoma não se sujeita as pressões que a sujeitaria a ajustar o seu funcionamento para melhor atender aos consumidores. Nas palavras de Mises, “o esquema do socialismo de guildas e do corporativismo não leva em consideração o fato de que o único propósito da produção é o consumo”. Neste sistema ocorre uma inversão total de valores, já que a produção torna-se um fim em si mesmo. Ao monopolizarem o fornecimento, oprimiam o resto da população para o beneficio dos poucos pertencentes a guilda. Assim nascia aquilo que, depois, se tornariam os sindicatos.
O papel desempenhado pelos sindicatos é prejudicial não apenas quando tem por motivação uma pressão puramente politico-partidária, como no caso dos pelegos sindicatos brasileiros, mas também quando defendem as suas bandeiras primarias, como o aumento de salario. O aumento forcado do preço do trabalho obriga o empregador a contratar menos do que contrataria em condições sem intervenção. Caso não diminua o contingente, a empresa sofrera prejuízos por estar pagando mais.
Nas palavras de Mises, “salários reais só podem aumentar, mantidas inalteradas as demais circunstâncias, na medida em que o capital se torne mais abundante ”. Nas condições competitivas da economia de mercado não obstruído, o empregador é obrigado a não pagar a um trabalhador mais do que o consumidor estaria disposto a lhe reembolsar pela correspondente contribuição do trabalhador em questão. Negar esse efeito equivale a desconhecer a existência de qualquer regularidade na sequência e na interconexão dos fenômenos de mercado.

Como se vê, não é de hoje que as interferências do sistema sindical no mercado causa prejuízos, inclusive aos próprios trabalhadores. No recente caso Twinkies, 18,5 mil funcionários poderão ficar sem o emprego, definitivamente, quando poderiam ter, no caso da não interferência do sindicato, esperado o retorno das vacas gordas para que os salários voltassem ao valor esperado. So pode ser um raciocínio terrível aquele que diz que é preferível nenhum salario que um salario mais baixo.

Na verdade, as lutas sindicais só podem causar prejuízo ao trabalhadores. Mesmo o beneficio inicial de aumento de salários transforma o desemprego numa instituição, um fenômeno de massa crônico e permanente. 



* Os argumentos usados são baseados na obra de Von Mises, A Ação Humana, ali descritos de forma clara e fundamentada.

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