"Viver, simplesmente viver, meu cão faz isso muito bem".
Alberto da Cunha Melo

Wednesday, August 12, 2009

Minha casa

Cheguei em Chimoio às 0;30 do dia de hoje, depois de 20 horas de viagem. Fui sentado na frente do onibus, junto com o motorista e um funcionário moçambicano da embaixada no Zimbabwe. Conversamos sobre tudo, desde a nova lei de emancipação da mulher até sobre os índios brasileiros. O tema mais polêmico foi mesmo a nova lei moçambicana de emancipação da mulher. Os homens pareciam não concordar de forma alguma. Pra nossa sorte, tínhamos no banco logo atrás uma mulher que fazia parte de um movimento de emancipação feminina. Isso enriqueceu o debate: "Nós fomos exploradas duplamente, pelos colonizadores portugueses e pelos nossos maridos".

Chimoio foi chamada por um ex-presidente de "a capital da guerra". Foi palco dos piores momentos e vítima das piores atrocidades da guerra. Ainda se vê, pela janela do ônibus, os sinais desse passado recente. Mas o mais belo é todo o processo de reconstrução. Como uma flor que nasce depois da queimada, Moçambique teima em sobreviver.
O povo aqui é muito unido. Alias, outro efeito da guerra: durante as guerra civil, o movimento de resistência chamada RENAMO atacava as comunidades no interior do país, decapitando pessoas e destruindo a estrutura do país. Foi então que, para fugir da morte, o povo fugiu para as cidades. Uniu-se, então, as etnias, a fim de sobreviverem a um inimigo comum, a morte.


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